O III Congresso Mundial de Transdisciplinaridade, na sua modalidade virtual está acontecendo de outubro de 2020 a outubro de 2021. Dado que a Arquitetura das Pedagogias da Sustentabilidade está estruturada na abordagem transdisciplinar, parece oportuno e enriquecedor que acompanhemos algumas ideias que estão sendo veiculadas nas palestras promovidas pelo CETRANS - Centro de Educação Transdisciplinar, um dos quatro comitês organizadores deste magno evento.
As postagens serão feitas sob o título REFLEXÕES SOBRE PRÁTICAS TRANSD com a citação de trechos transcritos e referenciados que podem nos suscitar reflexões, inferências ou complementações sempre na perspectiva da abertura do diálogo dos saberes e construção de possíveis dialógicas facilitadoras da prática e mediaçãotransdisciplinares.

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Magnífica, vou dar uma atenção amorosa a este diálogo..
DA SÉRIE - REFLEXÕES SOBRE PRÁTICAS TRANSD
O Bem Viver
... afetivo, enativo e efetivo!
"Para a gente ter o nosso Nhandereko. E o Nhandereko, pensando nessa questão do Bem Viver, ele é um mundo perfeito. É o viver bem, onde cada ação nossa tem um objetivo, um por quê está acontecendo essa ação. Se eu tomo água, eu preciso entender sobre a água, sobre a vida da água. E eu preciso entender o que ela vai fazer de benefício para mim, e o que que eu posso fazer por ela, sempre essa troca. Para a gente viver nessa harmonia. Se eu planto um alimento, eu tenho que conhecer dessa planta, dessas sementes, desse alimento. Entender como ela vai me fazer bem, e eu também tenho que saber o que que eu vou fazer por essa planta. A gente fala que quando a gente faz isso, a gente consegue ter esse Bem Viver. Porque para nós, somos filhos de um pai de uma mãe. De um criador, da nossa mãe Terra. Então, nós precisamos dos nossos irmãos, dessa família que são as plantas e os animais."
( Fala indígena de Kerexu Yxapyry Mbya Gaurani no III Congresso Mundial de TransDisciplinaridade em agosto de 2021)
DA SÉRIE - REFLEXÕES SOBRE PRÁTICAS TRANSD
"A Normose, termo cunhado por Pierre Weil é a patologia da normalidade que se traduz como o conjunto de comportamentos, atitudes e hábitos dotados de consenso social e patogênese em diversos graus de gravidade. Apresenta-se como um obstáculo ao exercício da Transdisciplinaridade e do Encontro transdisciplinar e seus fundamentos atestam uma patologia do desencontro.
O primeiro fundamento é o Sistema em desequilíbrio, com predomínio da violência contra o individuo, a sociedade e a natureza e a normalidade torna-se uma patologia normótica, uma adaptação a um contexto doente . A pessoa autenticamente saudável é a pessoa que vive um desajustamento saudável , uma indignação justa e até mesmo uma angústia sobre . O segundo fundamento evolutivo quando a normose também pode ser compreendida como estagnação evolutiva e naufrágio da alteridade causada pela ausência ou insuficiência de investimento no potencial de autodesenvolvimento, sobretudo no campo da alma e da consciência, ou seja, da interioridade humana e o terceiro fundamento é o paradigmático quando o paradigma que ainda prevalece encontra-se esgotado no seu potencial criativo e até esclerosado, sendo que o paradigma emergente é postulado por um grupo minoritário."
(Roberto Crema In: ENCONTRO TRANSDISCIPLINAR - TRILHA DA TRANSFORMAÇÃO, no III Congresso Mundial de TransD – modalidade virtual em 09.04.21)
Arte - Rob Gonsalves - The Sun Sets Sail
DA SÉRIE - REFLEXÕES SOBRE PRÁTICAS TRANSD
Do sensível, do sutil e do solidário
“Palavras que transbordam qualquer fronteira disciplinar. A noção de território precisa de transformação na mente dos povos não indígenas.
Que essas palavras penetrem nosso viver e não fiquem só numa inspiração reflexiva. – originário nesses povos não é somente o tempo linear, mas o que é originário tem a ver com essa intimidade do ser, a partir da qual as palavras tem tanta vibração.
Transdisciplinar não pode ser uma palavra conceitual, antes de ser uma palavra que vem do vivo. Os conceitos animam algo que vibra de outro lugar, que não é o intelecto. O intelecto deve aprender seu lugar de serviço , não o seu lugar de domínio. E a que o intelecto serve é um questionamento real do nosso tempo – de inteligências artificial, de tecnologias várias, um domínio da linguagem cada vez mais segmentada, as distâncias geracionais do nosso tempo são abismais, enquanto nos povos originários as distâncias são como pontes – netos, avós, filhos, parentes, como eles se chamam – é uma povoalidade.
De onde eu falo o que eu falo, de onde eu escuto o que eu escuto? Qual é a natureza transdisciplinar de uma relação humana com todos os ofícios de ser humano?”
(Vicente L. Goes, moderador do SIMPÓSIO “OS POVOS ORIGINÁRIOS DO BRASIL E SUAS RELAÇÕES COM A NATUREZA E O PLANETA TERRA” apresentado no III Congresso Mundial de Transdisciplinaridade – modalidade virtual em 06.08.21)
DA SÉRIE - REFLEXÕES SOBRE PRÁTICAS TRANSD
[Da Autoformação ]
"Eu fico muito envolvida com tantos sentimentos de muitas parentas com quem eu tenho me envolvido ao longo de muitas caminhadas, porque nossa vida é uma grande caminhada que vai se juntando com tantas outras vidas de outras pessoas e vai nos formando enquanto sujeitos coletivos."
( Joziléia Kaingang. In: SIMPÓSIO “OS POVOS ORIGINÁRIOS DO BRASIL E SUAS RELAÇÕES COM A NATUREZA E O PLANETA TERRA apresentado no III Congresso Mundial de Transdisciplinaridade – modalidade virtual em 06.08.21)