1. EPISTEMOLOGIAS E ONTOLOGIAS
A relação entre Epistemologia e Ontologia foi apresentada com várias nuances e ângulos analíticos. Não é o objetivo que nos detenhamos na diferença entre essas duas dimensões, porque elas abrem caminhos que não podemos abordar nesta apreciação. O que podemos mencionar é que de alguma forma toda Epistemologia supõe uma Ontologia, e que existem várias Epistemologias e suas correspondentes Ontologias.
No que se refere à Epistemologia, o III CMTD/v evidenciou a predominância da Multi, Pluri e Interdisciplinaridade em detrimento da abordagem transdimensional transdisciplinar. Nas apresentações, foi possível ir além dos axiomas da lógica clássica, enfatizando a dialética e a dialógica; entretanto, a Lógica de Lupasco eoutras lógicas não clássicas não foram utilizadas. Muitas vezes havia uma falta de coerência entre o objeto do conhecimento e a epistemologia transdisciplinar.
A base transdisciplinar foi precária na aplicação de diversos projetos que se autodenominavam transdisciplinares, que não conseguiram superar abordagens multi, pluri ou interdisciplinares. Em muitos projetos, os conceitos transdisciplinares não estavam maduros e integrados como ferramenta de pesquisa nas apresentações.
Uma notória ênfase foi colocada no diálogo, tratado a partir de inúmeras perspectivas. Por um lado, surgiram abordagens: dialética, seja a partir de uma abordagem platônica (lógica da divisão); aristotélica (método provável); hegeliana (síntese de opostos) ou marxista (realidade contraditória e correspondência entre leis do pensamento e leis da realidade).
Por outro lado, surgiu uma abordagem Dialógica e Enativa, como crítica ao objetivismo abstrato e ao subjetivismo individualista, que considera: as relações entre indicadores sociais que marcam enunciados promotores do diálogo aberto e a validação de uma pluralidade de narrativas seja por meio do trabalho das abordagens dialógicas de Edgar Morin (Ordem/Desordem,Autonomia/Ecologia, Sociedade/Cultura); por Paulo Freire (Texto/Contexto, Pedagogia do Oprimido); Bakhtin (Sócio Histórico); Maturana e Varela (Enação, Ação/Ambiente, Respeito, Aceitação, Inclusão e Compromisso) e a sutileza da transcendência, entre outros.
A TD se baseia no reconhecimento das emergências, reconhece o movimento simultâneo de entropia/intropia e suas implicações. O diálogo também foi abordado a partir da Exlética, como complemento da Dialética Positiva, e vai além da evolução proposta pela Dinâmica Dialógica. Aqui, o processo interativo é tratado não apenascomo relações, dinâmicas multirreferenciais já evidenciadas e emergências dentro de um mesmo Nível de Realidade, mas está aberto às emergências e à multidimensionalidade da realidade, que remetem à noção de Níveis de Realidade, Terceiro Incluído e Terceiro Oculto, bem como às dinâmicas de potencialização, semi-potencialização, semi-atualização e atualização.
No que concerne à Ontologia surgiram considerações alusivas à dimensão do ser dos entes quanto à dimensão do Ser. As concernentes ao ser dos entes foram tratadas de forma ampla, enquanto as concernentes ao Ser, em seu sentido mais próprio, autêntico, no que diz respeito à essência do Ser, foram tratadas de forma extremamente restrita. As questões espirituais seguiram abordagens ecumênicas e não ecumênicas.
(...) O conhecimento ontológico da TD não está apenas em nossas capacidades de compreensão, mas em nossa capacidade de imaginar, que repousa em nossas capacidades lógicas e, também, naquelas pertencentes ao âmbito sensível e sutil."
FONTE: AVALIAÇÃO DO III CONGRESSO MUNDIAL DE TRANSDISCIPLINARIDADE
https://www.tercercongresomundialtransdisciplinariedad.mx/br/avaliacao-do-iii-congresso-mundial-de-transdisciplinaridade/
